martes, 15 de mayo de 2012

AMECAS A GEODIVERSIDADE


A geodiversidade é vulnerável a diversas ameaças em diferentes escalas e intensidades, em sua maioria provocada pelas actividades antrópicas tais como a construção de infra-estruturas como estradas, barragens e urbanização, exploração indiscriminada dos recursos geológicos, ocupação desordenada de áreas de risco, extensas áreas desmatadas, muitas vezes associadas a agricultura monocultura, actividades turísticas desregradas, pirataria e comércio de amostras geológicas (fósseis e minerais preciosos) para fins não científicos e a falta de conhecimento sobre a importância da geodiversidade para a sociedade constitui um grande obstáculo para a geoconservação (GRAY, 2004) (AZEVEDO, 2007).
Segundo Burek e Prosser (2004), é evidente que se precisa saber mais sobre a geodiversidade, para que talvez um “livro vermelho de geodiversidade” não seja estabelecido para estar ao lado de um equivalente em biodiversidade, que enumera as espécies raras ou ameaçadas de extinção, necessitando, portanto, de conservação.
“O património geológico não é renovável, uma vez destruído não se regenera mais e uma parte da memória do planeta é perdida para sempre” (AZEVEDO, 2007).
Existe uma tendência em pensar os elementos da biodiversidade como mais frágeis e vulneráveis às ameaças, especialmente as provocadas pelas actividades humanas, enquanto a geodiversidade é vista como robusta, estável e livre de qualquer perturbação antrópica. Esta é uma simplificação grosseira, pois muitas das ameaças à geodiversidade são comparáveis aos que a biodiversidade enfrenta.


Estratégias de Geoconservação



ma vez que existem ameaças à Geodiversidade, torna-se urgente criar, e por em pratica, medidas que identifiquem os monumentos geológicos e garantam a sua conservação. Surge assim, o conceito de Geoconservação, inserido na definição de conservação do que é natural. Este termo engloba um conjunto de estudos, acções, intervenções, politicas e legislação, referente aos processos e produtos geológicos e geomorfológicos e á manutenção da Geodiversidade.
“O acto de proteger e conservar algo justifica-se porque é atribuído algum valor, seja ele económico, cultural, sentimental ou outro” (BRILHA, 2005). Segundo o mesmo autor a geoconservação, em sentido amplo, tem como objecto a utilização e gestão sustentável de toda a Geodiversidade, englobando todos os tipos de recursos geológicos; num sentido mais restrito, entende apenas a conservação de certos elementos da Geodiversidade que evidenciem qualquer tipo de valor que se sobreponha à média.
Valor + ameaça = necessidade de conservação
Brilha (2005), define estratégias de geoconservação como sendo concretização de uma metodologia de trabalho que visa sistematizar as tarefas no âmbito da conservação do património geológico de uma área, que emcontra-se agrupado em etapas sequentes:
  •               Inventariação – que consiste no levantamento sistemático dos geossitios após ser feito um reconhecimento de toda a área de estudo, sendo seleccionados apenas aqueles que apresentam características excepcionais. Fase essa em que cada geossitio deve ser mapeado, fotografado e descrito.
  •                  Quantificação – considerado por alguns autores como sendo a etapa mais difícil pela dificuldade em dar valores, estabelecendo qual geossitio é o mais importante.
  •           Classificação – que consiste no enquadramento do património geológico às leis para sua conservação, gestão e monitorização (LIMA, 2008). Quando há desinteresse do poder publico no enquadramento do património geológico em área legalmente protegida, a alternativa é a adoção de estratégias de educação ambiental possibilitando o seu uso sustentável.
  •  A valorização e divulgação dos geossitios são etapas importantes que, quando mal planejados podem levar á degradação do mesmo. A valorização precede a divulgação e consiste no investimento de instrumentos que valorizem o geossitio, como dota-lo de informações de meios interpretativos para que o público reconheça a sua importância. A valorização in situ do património geológico ira dota-lo de maior importância. A interpretação deve ser feita da forma mais simples de modo que sensibilize o público leigo. Quando menor for o nível de cultura geológica, mais difícil sera sensibilizar o cidadão comum a questões relativas ao património geológico e consequentemente a sua conservação (Fonseca, 2009). A divulgação so pode ser realizada a partir da concretização das estratégias de valorização. Ela consiste na difusão dos geossitios e ampliação de seu acesso a sociedade. Esta etapa deve ser bem planejada e estruturada e deve ser adaptada de acordo com as características excepcionais e nível de vulnerabilidade de cada geossitio (Lima, 2008).
  •      O monitoramento, etapa final, tem como objetivo analisar a evolução da conservação do geossítio. Permite avaliar e orientar medidas de gestão auxiliando inclusive na definição de políticas ambientais (LIMA, 2008). Brilha (2005) recomenda que cada geossítio deve ter sua estratégia de conservação devido às suas particularidades e que o monitoramento deve ser feito no mínimo anualmente. O monitoramento do geossítio permitirá a manutenção de sua relevância (NASCIMENTO; AZEVEDO; MANTESSO-NETO, 2008).
Os esforços envidados durante as ultimas décadas, em matéria de geoconservação, foram compensados com a adopção da resolução sobre conservação do património geológico e da geodiversidade, durante o IV Congresso Mundial de Conservação (IUCN), realizado em Espanha, no mês de Outubro de 2008, que marcou uma nova viragem no capitulo da conservação da Natureza, acreditando que as acções conservacionistas jamais subestimarão a componente abiótica em detrimento da componente biótica. Tendo em consideração que os elementos abióticos que constituem património geológico, contrariamente aos bióticos, não têm capacidade de renovação, uma vez que quando destruídos são irrecuperáveis à escala de tempo humana, maior ainda se torna a necessidade de os conservar. Conforme argumenta Sharpes (2002), os valores atribuídos às paisagens, sistemas e processos geológicos que ocorrem na Terra são considerados, pelo Homem, o nosso “Património”. Isto constitui a razão fundamental pela qual se justifica a geoconservação.  

 

Fontes:   BRILHA, J. (2005); Patrimonio Geologico e Geoconservacao – Aconservacao da Natureza na sua vertente geologica; Palimage; Braga;
           GRAY, M. (2004); Geodiversity,valuing and conserving abiotic nature John Wiley & Sons,Lta, England.
             SHARPES, C. (2002).Concepts and principles of geoconservation.Tasmanian Parks and Wildlife Service.

http://www.iutus.org/pdfs/Presentacion-del-Prof_Lucio_Cunha.pdf

No hay comentarios:

Publicar un comentario