PATRIMONIO GEOLOGICO PORTUGUES
GEOCONSERVACAO GEOTURISMO
Nieto (2002) define que o
património geológico representa todos aqueles recursos, não renováveis,
incluindo formações rochosas, estruturas e pacotes sedimentares, forma de
relevo e paisagens, jazimentos minerais e/ou cientifico, cultural ou
recreativo. Assim sendo, a definição do património geológico de uma região não
e um trabalho puramente descritivo, mas e fruto de um levantamento geológico
exaustivo da área, seguido da valorização e comparação com dados similares de
outros locais. A partir desta comparação, poderá se avaliar o caracter local
regional ou global do património catalogado
Diante
disto, a inventariação da geodiversidade de um determinado sítio constitui o
primeiro passo para a definição do seu património geológico, que devera ser o
objecto da geoconservação.
Apesar da área emersa do
território português ser relativamente reduzida é grande a sua diversidade
geológica (geodiversidade) e pode ser caracteriza nos seguintes conjuntos:
Ø
As
bacias sedimentarem mesozóicas (Lusitânica e Algarve), onde se depositaram
calcários, margas e arenitos, de ambientes marinhos de plataforma a fluviais,
excepcionalmente fossilíferas, tendo nomeadamente revelado uma grande riqueza
em fosseis de dinossauro (ossos e pegadas). De salientar também, os fenómenos
cársicos que se observam regiões calcarias, e que se deveram durante o
quaternário.
Ø
Os
3 maciços magmáticos do final do Cretácico Sintra, Sines e Monchique, cuja
instalação foi acompanhada por intenso vulcanismo sub – aéreo (Lisboa).
Ø
As
formas dunares, moveis e consolidadas, terraços marinhos e fluviais, aluviões e
areias de praia do Quaternário, bem como vestígios da glaciação Wurm( Serras da
Estrela e Gerês).
Ø
O Soco antigo, constituído essencialmente por
rochas quer magmáticas, em especial granitos, quer metassedimentares, do
precambrico Superior ao carbónico, profundamente afectadas pela Orogenia Hercínia.
Ø
As
bacias cenozóicas do Tejo e Sado, de fáceis marinham a continentais, por vezes
com ricas faunas de vertebrados.
O inventariado do património
geológico português deu-se com a elaboração, por parte da Associação Portuguesa
e da Liga para a Protecção da Natureza, do projecto “ Património Geológico de
Excepcional Interesse de Portugal”, que teve como principal objectivo, reunir informações
dispersas por Serviços Centrais e Universidades, tratando-as de forma coerente
e visando a proposta de classificação. O trabalho foi levado adiante pelo
Instituto de Geoconservação da natureza (IGN), que em colaboração com Instituto
Geológico e Mineiro (IGM), iniciou a divulgação do Património Geológico que
ocorre em espaços protegidos.
Actualmente verifica se
uma tendência internacional de crescimento da importância dada a Geoconservação.
Esta surge na recomendação do conselho da Europa sobre a Conservação do
património Geológico e de áreas de especial interesse geológico (Recommendation
Rec (2004) 3 – on conservation of the geological heritage and áreas of special
geological interest in Brilha 2005).
O Património Geológico (PG) Português tem
vindo gradualmente a adquirir um determinado estatuto no contexto nacional, através
do seu conhecimento, divulgação e valorização, atingindo a mediatização máxima
na sua vertente paleontológica, com os conhecidos icnofósseis (pegadas
localizadas em Carenque e no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros –
Pedreira do Galinha) e ovos de dinossaurios da Lourinha, bem como os somatofosseis
(restos esqueléticos de Pombal, Lourinha, Bombarral, Torres Vedras). Algumas
pistas de pegadas estão entre as mais importantes do legado iconológico a nível
mundial. Salienta-se ainda a classificação em 2006, pela UNESCO, do primeiro
Geoparque português – Naturtejo.
Estas e outras heranças revelam a
historia da Terra e da própria vida, constituindo arquivos que o Geólogo aprendeu a decifrar. Alguns destes
"documentos" são tao frágeis e tao raros, que urge protegê-los das ameaças
externas de forma a perpetuarem a sua história ao longo das gerações.
Uma vez que existem ameaças a
Giodiversidade, torna- se urgente criar, e por em pratica, medidas que
identifiquem os monumentos geológicos e garantam a sua conservação. Surge
assim, o conceito de Geoconservação, inserido na definição de conservação que e
natural. Este termo engloba um conjunto de estudos, acções, intervenções,
politicas e legislação, referente aos processos e produtos geológicos e
geomorfológicos e a manutenção da Giodiversidade.
´ O acto de proteger e
conservar algo justifica se porque lhe e atribuído algum valor, seja ele
económico, cultural sentimental ou outro” (Brilha, 2005). Segundo o mesmo autor
a Geodiversidade englobando os tipos de recursos geológicos, num sentido mais
restrito, entende apenas a conservação de certos elementos da Geodiversidade
que evidenciem qualquer tipo de valor que se sobreponha a média.
E com intuito de
protecção dessa Giodiversidade que varias acções tem sido implementado em nível
global/nacional – Portugal, pois faz parte das preocupações da comunidade
cientifica o desaparecimento dos elementos patrimoniais, pelo seu caracter
irrecuperável apos a sua detioração.
O IGM (Instituto
Geológico e Mineiro) lançou em 1998, o projecto “Geologia para todos” por
ocasião das comemorações dos 150 anos da 1 Comissão Geológica, que previa a
excursão no terreno destinadas, principalmente a despertar no grande público o
interesse pela geologia. Este projecto acabou por estar na origem da “ Geologia
no Verão” patrocinado pela programa Ciência Viva. Lei portuguesa consagra e
permite a classificação dos sítios com um certo valor
geológico. A Constituição da
Republica Portuguesa no seu artigo 66, declara que incumbe ao Estado, por meio
de organismos próprios e a participação dos cidadãos: criar e desenvolver reservas
e parques naturais e de recreio, bem como classificar e proteger paisagens e
sítios, de modo a garantir a conservação da natureza e a preservação de valores
culturais de interesse histórico ou artístico. Como
resposta a esse dinamismo, o Grupo Português da ProGeo instituiu “Premio
Geoconservação atribuída em 2004 a autarquia de Idanha-a-Nova, pelo seu
projecto de valorização do património Geológico.
Além de desenvolvimento
de metodologias e legislação específica para geoconservação um outro aspecto importante
e o desenvolvimento de actividades compatíveis com a protecção do património
geológico que tem um grande potencial para a conservação do património
geológico por meio de actividade de protecção e educação patrimonial
O
termo geoturismo passou a ser comumente utilizado a partir de 1990. Pode ser
entendida como um segmento da actividade turística, tem como principal
atractivo os elementos da geodiversidade (Brilha, 2005) e uma
forma de turismo sustentável que pode contribuir para o desenvolvimento económico
de muitas regiões, respeitando os critérios de sustentabilidade (Araújo, 2005).
FONTES:
Brilha, J. (2005); Património Geológico e Geoconservação – A conservação da Natureza na sua vertente geológica; Palimage; Braga; 190 p. disponível em http://www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_livro.pdf
Medeiros, Wendson.D.A.; Oliveira, Oliveira, Frederico. G.F –
Geodiversidade, Geopatrimonio e
Geoturismo em Currais Novos, Fortaleza, v. 10, n.23, p. 59-69, set/dez.2011.
Peixoto, Luciana. J. S. O
Património Geomorfológico –
Glaciário do Parque Nacional da Peneda Geres: Proposta de Estratégia
de Geoconservação. Dissertação de Mestrado
(Mestrado em Património Geológico e Geoconservação) –
Universidade do Minho, 2008.
Ramalho, Miguel. M - Património Geológico Português-importância cientifica, pedagógica e socio - económica, Associação Portuguesa de Geologia Geonovas n 18, PP.
5 a 12, 2004, disponível
em: http:// cienciaviva.pt/img/upload?upload/património%20portu%C3%AAs _Ramlho.pdf, acesso em
04/06/2012, as 19:24
http://www.altotejo.org/acafa/docsn4/Inventariacao_Geodiversidade_Portas_do_Almourao.pdf,
consultado em 05/06/2012, em 23.40.
http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/37CF229D-3E00-4ECF-B79A-0E68A8D2746B/0/Crit_param_pat_geo_port.pdf, acesso em 29/05/2012, as 23:40