martes, 15 de mayo de 2012

VALOR DA GEODIVERSIDADE




Pereira (2010) define geodiversidade como o conjunto de elementos abióticos da Terra, incluindo os processos físico-químicos associados, as geoformas, rochas, minerais, fósseis e solos, formados a partir da interacção entre os processos externos e internos da Terra e que são dotados de valores intrínseco, científico, turístico e de uso/gestão.
Segundo Sharples (2002) geodiversidade é a diversidade de características, conjuntos, sistemas e processos geológicos (substrato), geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, dotados de valores intrínsecos, ecológicos e antropocêntricos. A definição adoptada pela autora inglesa atingiu uma maior divulgação, visto que o texto em inglês possibilitou um maior acesso à publicação e ela ainda ressaltou a importância de se diferenciar património geológico de geodiversidade; conceitos parecidos e que são algumas vezes utilizados erroneamente como sinónimos.
Brilha (2005) define património geológico como o conjunto de geossítios de uma determinada região, ou seja, locais bem delimitados geograficamente, onde ocorrem um ou mais elementos da geodiversidade com singular valor do ponto de vista científico, pedagógico, cultural e turístico.
Património geológico também pode ser entendido como o conjunto de recursos naturais não-renováveis, de valor científico, cultural ou educativo, que permite conhecer, estudar e interpretar a história da evolução geológica da Terra e os processos que a modelaram (Sharples, 2002).
Segundo Burek e Prosser (2008) os seres humanos, desde o início de sua história na Terra têm se apropriado da diversidade do mundo físico e desta forma, alguns locais adquirem mais importância do que outros sejam por suas rochas, por algumas culturas se desenvolverem melhor sobre determinados tipos de solos, ou pela localização de cursos d’água e há ainda algumas formas de relevo ao qual se atribuem algum tipo de valor espiritual.

Desta forma, determinados locais, devido às especificações de seu uso, acabam por adquirirem valores diferenciados. Em virtude da necessidade de conservar e gerenciar os recursos físicos do planeta, diversos autores vêm discutindo acerca dos valores que eles possuem na natureza, neste propósito Gray (2004) propõe um arquétipo com seis categorias de valores para a Geodiversidade:

·        Valor intrínseco – valor subjectivo e de difícil quantificação, porque envolve perspectivas filosóficas, éticas e religiosas. Constitui uma rejeição da visão antropocêntrica de que nada é de um valor a menos que seja de utilidade directa para os humanos e implica que as coisas não precisam necessariamente da aprovação do homem para justificar a sua existência (SHARPLES, 2002);

·        Valor cultural - concebido quando há uma ligação muito forte entre o homem e seu desenvolvimento local social, cultural e religioso. É o valor atribuído pelas sociedades em alguns aspectos do ambiente físico em virtude do seu significado social (BRILHA, 2005). “As sociedades primitivas muitas vezes explicam a origem da formação das rochas ou relevo em termos de forças sobrenaturais” (GRAY, 2004);

·        Valor estético – subjectivo e de difícil quantificação, porque o conceito de “belo” varia de pessoa para pessoa (Brilha, 2005);

·        Valor económico – o mais objectivo e de fácil quantificação, uma vez que a sociedade já está habituada a dar valores aos bens e serviços utilizados. As sociedades humanas sempre dependeram dos minerais metálicos e não - metálicos para a sua sobrevivência (BRILHA, 2005). A dependência se dá principalmente nos campos energético, da obtenção de matérias - prima e da implantação de ocupação humana (NASCIMENTO; AZEVEDO; MANTESSO-NETO, 2008);

·        Valor funcional -  reconhece o valor da geodiversidade em seu local de origem, ao contrário do valor económico, que só confere valor à geodiversidade após ela ser explorada (BRILHA, 2005). O valor funcional tem sido raramente discutido na conservação da natureza, mas é claro que solos, sedimentos, relevo e rochas têm um papel funcional de sistemas ambientais físico e biológico. Por sua vez podemos reconhecer duas subdivisões de valores funcionais: a primeira é o valor utilitário da geodiversidade in situ, ao contrário do valor extraído; e o segundo, refere-se ao valor funcional no fornecimento de substratos essenciais, habitats e processos abióticos que mantêm os sistemas físicos e ecológicos da superfície da Terra (GRAY, 2004);

·        Valor científico/educacional – está relacionado à educação em Ciências da Terra e pode ocorrer tanto direccionado ao público formal (ensino básico e superior) quanto ao público informal (não escolar) (NASCIMENTO; AZEVEDO; MANTESSO-NETO, 2008). Em virtude da importância de tais valores, Sharples (2002) afirma que a geodiversidade é importante, pois inclui muitos recursos e processos de valores significativos que são sensíveis à perturbações e que, em áreas sujeitas a actividades humanas podem ser facilmente degradadas se não forem bem manejadas. Além disso, muitos elementos da geodiversidade são fósseis ou possuem características que são insubstituíveis. Há que incutir no senso comum que o substrato geológico é a sustentação de todos os organismos vivos. Dependemos dele para nossa sobrevivência e foi ele que condicionou a evolução da humanidade. Este tipo de mensagem não deverá ter conteúdo eclético, mas suficientemente objectivo e prático de modo a atingir todos os estratos culturais e etários (FONSECA, 2009).

 
Fonte : BRILHA, J. (2005); Patrimonio Geologico e Geoconservacao – Aconservacao da Natureza na sua vertente geologica; Palimage; Braga;
          http://www.pesquisasemgeociencias.ufrgs.br/3801/01-3801.pdh, acesso  em  13/05/2012
          http://www.progeo.pt/pfs/Silva_2006.pdf, acesso  em13/05/2012




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